Igreja Matriz de Odivelas
A Igreja Matriz de Odivelas é descrita como um dos templos mais deslumbrantes dos arredores de Lisboa. A igreja é um templo muito antigo, que foi reconstruído nos finais do séc. XVII e reparado durante o séc. XVIII. Localiza-se perto do Mosteiro de S. Dinis, no antigo centro da cidade de Odivelas. Ao cimo da dupla escadaria seiscentista, de acesso à entrada do templo, encontra-se um cruzeiro datado de 1626. No interior deste templo rico e majestoso, a nave é ornamentada com azulejos setecentistas onde figuram cenas bíblicas. Os sete altares são em talha dourada. A capela-mor, toda revestida de mármore, de diferentes cores, tanto nas paredes como no tecto, é característica do séc. XVIII. Decorado com painéis de azulejo do séc. XVIII, alusivos ao baptismo, o baptistério integra uma pia constituída por uma taça, possivelmente do séc. XVI, e duas pias de água benta, de estilo rocaille, em mármore vermelho. Na sacristia, encontra-se um lavabo de mármore do período renascentista — 1573, com uma nau esculpida.
Memorial
O Memorial está situado na zona antiga da povoação de Odivelas, no local onde foi a entrada do velho povoado, está classificado como Monumento Nacional por Decreto-lei de 16/06/1910. De arquitectura gótica primitiva, é também conhecido por “cruzeiro”. Fica situado a escassos duzentos metros do antigo convento, orientado no sentido Sudoeste-Nordeste, uma das faces voltadas para Lisboa, outra para o Mosteiro. Monumento da época diocesana é construído em calcário Lioz, extraído das pedreiras de Trigache – Famões, e compõe-se de dois registos. No primeiro andar, quatro pares de colunelos apoiam os arcos trilobados. Sobrepõe-se à arcaria, um arco ogival, característico do gótico primitivo. Coroa o monumento a empena lisa e, na face Noroeste, o escudo português medieval, usado na Armaria até ao reinado de D. Fernando. Remata o monumento uma cruz, constituída por quatro semicírculos, formando um florão, semelhante a outros que aparecem em monumentos portugueses do séc. XIV. A sua origem e significado são incertos. As explicações dividem-se entre ter sido erguido para nele descansar o caixão mortuário de D. Dinis, falecido em 1325, que vinha a sepultar no Mosteiro das freiras Bernardas, ou para D. João I ao ser transportado de Lisboa para a Batalha, em 1433, ou ainda, tratar-se-ia de um simples padrão de couto demarcando limites territoriais na área jurisdicional do Mosteiro, ou um local de portagem, tendo objectivos fiscais de cobrança do imposto de barreira da coutada. Jardim do Largo D. Dinis O Jardim do Largo D. Dinis situa-se na zona histórica de Odivelas, é neste jardim que se localizam o Coreto e o Chafariz. A data de construção do chafariz é de 1878. A construção do coreto inicia-se em 1910 e termina em 1913, tendo sido feita com donativos da população da freguesia de Odivelas. Historicamente, a localização dos coretos é no centro geográfico dos acontecimentos públicos, na praça junto à igreja, no centro da vila, no meio do jardim público. É nestes locais que após a procissão, o povo se encontra na festa e para ouvir as filarmónicas. Utilizados para discursar durante a época republicana, na zona saloia eram também utilizados em festas onde as bandas se alternavam a tocar. O Coreto foi erguido primeiramente ao centro do Largo D. Dinis, no local hoje ocupado pela estátua da Rainha Santa, tendo sido transferido em 1951/1952 para onde se encontra.
Mosteiro de S. Dinis
O Mosteiro de S. Dinis, fundado pelo Rei D. Dinis, foi construído em 1295. Existem duas versões que justificam a sua construção. Segundo a História, o monarca construiu este mosteiro, para nele acolher a sua filha D. Maria Afonso, cuja família materna possuía paço no Lumiar. Esta infanta morre ainda adolescente. A tradição conta-nos que, andando o rei à caça na zona de Beja (ou de A-da-Beja, noutra versão), foi atacado por um corpulento urso que, investindo contra o cavalo, deitou por terra o monarca. Ao invocar os protectores S. Dinis e S. Luís, bispo de Tolosa, para sua defesa, prometeu fundar um mosteiro se conseguisse sair ileso daquele perigo. Puxou do punhal que trazia à cinta, cravou-o no coração da fera que logo ficou sem vida. A primitiva construção do Mosteiro de S. Dinis era, na sua totalidade em estilo gótico. A igreja do mosteiro compunha-se de três naves, flanqueada por duas torres. Desta construção inicial, restam as capelas absidais, dois dos lances do claustro novo, e o claustro da Moura. Com os sucessivos restauros efectuados, o Mosteiro começa a perder a primitiva pureza de linhas, por volta do século XVI. Identificam-se as portas do claustro em estilo Manuelino, a fonte Renascentista, as capelas quer de mármore, quer de estilo barroco, as alpendradas, o revestimento das paredes a azulejo, já em 1671, que caracteriza quer o exterior, quer o interior, nomeadamente os núcleos da antiga cozinha do convento, do refeitório das freiras, da alpendrada, do nartex e da portaria. No séc. XVIII, depois do terramoto, fizeram-se obras que não respeitaram a traça gótica, utilizando-se o estilo neo-clássico, quer na igreja, quer nos lanços do Claustro. A este mosteiro, estão associadas figuras históricas para além do seu fundador Rei D. Dinis, cujo túmulo datado da primeira metade do séc. XIV, se encontra na capela absidal do lado do Evangelho. Neste mosteiro morreu a rainha D. Filipa de Lencastre, refugiou-se uma outra D. Filipa de Lencastre, filha do infante D. Pedro, após a batalha da Alfarrobeira, viveu segundo as normas do ideal ascético, a irmã de D. João II, princesa Santa Joana. O Mosteiro de S. Dinis era de freiras bernardas, da Ordem de Cister. As residentes eram filhas da nobreza, que não casavam por não disporem de bens, quando a família não lhes atribuía um dote. Não estando prometidas em casamento a algum nobre, as raparigas recolhiam à sombra protectora dos mosteiros, enriquecidos com as doações dos reis e dos nobres, para aí levarem uma vida segura, em termos económicos. A protecção das recolhidas do Mosteiro de Odivelas, era quebrada com as visitas dos reis a raparigas de seu agrado; quer D. Dinis, quer o rei D. João V frequentavam o convento, sendo que a célebre Madre Paula, era mãe de um dos filhos de D. João V. Em 1834 extinguiram-se as ordens religiosas, durante a Monarquia Constitucional, e em 1902 o convento foi entregue ao infante D. Afonso que nele promoveu a instalação do actual Instituto de Ensino. É Monumento Nacional por Decreto-lei de 16/06/1910.
Padrão do Senhor Roubado
O Padrão do Senhor Roubado está localizado à saída da Calçada de Carriche, num pequeno largo junto à estrada que leva a Odivelas, este foi construído em 1744. A sua construção deveu-se a um roubo efectuado na igreja de Odivelas, em 1671, alegadamente pelo jovem António Ferreira, que aí roubou do altar-mor e de outros altares desta igreja, as contas do rosário de N. Sra. do Rosário, as vestes do Menino Jesus e da Senhora do Egipto, os Vasos Sagrados, entre outros, escondendo-os numa mata de caniços onde está hoje o Senhor Roubado. Numa época de extrema religiosidade, a dimensão deste caso foi tal que, quando chegada a notícia à capital, a rainha D. Luísa de Gusmão (mulher do Rei D. João IV, e nessa data regente do reino) enviou cartas a todo o reino, e foram afixados éditos prometendo recompensa em dinheiro e um emprego na justiça ou na fazenda, a quem denunciasse o autor do crime; a corte pôs luto e foram feitas procissões nas ruas. Encontrados os objectos escondidos, e mais tarde confessado o roubo sacrílego por António Ferreira, após ter sido apanhado a roubar galinhas, por uma criada do Mosteiro de Odivelas, e tendo-lhe sido encontrada na bolsa a cruz de prata do remate do vaso dourado do Santíssimo, foi julgado em Lisboa e condenado a ser "arrastado e levado à praça do Rocio desta cidade, aonde lhe serão decepadas ambas as mãos e queimadas à sua vista, e depois seu corpo será queimado...". No local, numa oliveira, foi colocado um padrão de cruz, em madeira, que, mais tarde, o religioso António dos Santos transformou no padrão do Senhor Roubado, construído com pedra cedida pela pedreira da Paradela, e que o próprio realizou, pagando o restante trabalho com esmolas. Era um local para os fiéis orarem a Deus e pedirem perdão pelos seus pecados. O Monumento ao Senhor Roubado é composto por um recinto, em forma de trapézio isósceles, com uma superfície de dez metros de comprido por oito de largura, e o arranjo arquitectónico apresenta-se a modo de templo descoberto. É uma espécie de altar ou oratório, constituído por um alpendre assente em quatro colunas toscanas e fechado por parede na parte posterior. No interior encontra-se o padrão que rememora o roubo sacrílego. Existe ainda no recinto um púlpito, conferindo-lhe a feição de lugar consagrado ao culto divino. Na face ocidental, um paredão inteiramente forrado de azulejos monocromáticos; nas partes inferior e superior, doze quadros ou painéis historiados, cada um composto por 72 azulejos, com legenda explicativa sobre as cenas do roubo.
Palacete do Século XVIII
É um palacete urbano localizado em Odivelas que foi construído no século XVIII. Tem uma arquitectura barroca e neoclássica. Constitui um espaço de lazer e de ligação com a natureza, com um logradouro e fontes tipicamente de estilo barroco. No interior, encontram-se pinturas neoclássicas, onde predominam motivos pompeianos, característicos do séc. XIX, altura em que o interior do palacete foi remodelado. Existe igualmente, uma certa elegância dos frisos de folhas e flores, laçarias e medalhões. Actualmente é um lar para pessoas idosas e pertencente à Associação das antigas alunas de Odivelas.